Título
CUIDADO ÀS PESSOAS COM TRANSTORNOS MENTAIS NA ATENÇÃO BÁSICA
Autores
Gabrielle Mangueira Lacerda (Relatora)
Maria Joyce Tavares Alves
José Augusto de Sousa Rodrigues
Joyce de Souza
Gerlane Cristinne Bertino Véras
Modalidade
Comunicação coordenada
Área
Enfermagem em Saúde Mental



INTRODUÇÃO
O trabalho na atenção básica (AB) tem como proposta a produção de cuidados dentro dos princípios da integralidade, interdisciplinaridade, intersetorialidade e territorialidade. No entanto, para que essa proposta seja efetuada é necessário que haja uma articulação com as políticas públicas de saúde (AOSANI; NUNES, 2013). 

No que se refere à saúde mental (SM) e a AB, deve haver uma convergência onde o produto final seja a quebra da visão dualista do homem, com produção de um novo modelo assistencial de saúde (BRASIL, 2013), com equipe multidisciplinar que trabalhe com interdisciplinaridade para qualificar o atendimento prestado ao indivíduo, família e comunidade. 

A equipe de Estratégia de Saúde da Família (ESF) por estar em contato direto e constante com a comunidade, apresenta condições de analisar as condições socioculturais e de saúde em que os indivíduos estão inseridos favorecendo a implementação de cuidados mais específicos para cada situação e intensificação da interação entre usuários e profissionais (MOURA; SILVA, 2015).

Na AB é possível assistir transtornos mentais leves, decorrentes do uso e abuso de álcool e outras drogas, além de acompanhar a família. É importante ressaltar que a pessoa com algum transtorno mental também pode apresentar (co)morbidades orgânicas que devem ser devidamente tratadas na ESF, para tal, os profissionais devem possuir uma visão ampla do conceito saúde (MOLINER; LOPES, 2013).

OBJETIVO
Descrever sobre a vivência do atendimento na atenção básica à pessoa com transtorno mental. 
MÉTODO
Trata-se de um relato de experiência, realizado por acadêmicos do quinto período de enfermagem de uma universidade pública federal no mês de maio de 2017, a partir de experiências das aulas teórico-práticas da disciplina de enfermagem clínica I em abril de 2017, realizadas em uma Unidade Básica de Saúde (UBS) de um município do interior da Paraíba.

As aulas teórico-práticas foram realizadas com a presença da professora e monitores, assim como dos profissionais da referida UBS, na qual os graduandos foram divididos em grupos para realizar as visitas domiciliares, podendo obter uma visão da situação de saúde evidenciada no território.

RESULTADOS
Observou-se que ainda ocorrem fragilidades no atendimento as pessoas com transtorno mental na AB, sua família e comunidade. Muitas vezes em decorrência dos profissionais ainda apresentarem o modelo biomédico para a prestação de cuidados, onde o contexto sociocultural do indivíduo não é visto como crucial para o seu processo saúde-doença, consequentemente, há uma ausência de intervenção adequada, inclusive de como a família pode e deve proceder com o ente adoecido. Fazendo com que haja o desencadeamento de um sentimento de impotência pelos familiares/cuidadores e situações negativas que resultam no comprometimento direto da qualidade de vida das pessoas com transtorno mental.

Aosani e Nunes (2013) explicam que os próprios profissionais de um modo geral, sentem dificuldades em prestar assistência as pessoas com transtornos mentais, eles apontam que além do conhecimento limitado, existem o receio e o medo como impedimentos que estão sempre presentes, privando-os de realizar um cuidado adequado frente a essa realidade. Desse modo, eles não chegam a considerar essa assistência prestada como um cuidado, pois não se tem a continuidade desse processo, é tudo baseado na entrega de medicamentos.

Diante desse contexto, Gryschek e Pinto (2015) acreditam que a articulação entre a SM e a atenção primária é uma prática que poderia tornar-se frequente por meio de atividades permanentes de discussão de casos com equipes de SM, permitindo estratégias de cuidado que considerem as múltiplas determinações do processo saúde-doença.

Sabe-se que a AB é considerada uma porta de entrada para o sistema de saúde, contudo, os usuários que se encontram com algum sofrimento mental são imediatamente encaminhados ao Centro de Atenção Psicossocial (CAPS), sem o devido acompanhamento da equipe local, o que acaba gerando um cuidado fragmentado, envolvendo a problemática da falta de capacitação profissional (MOLINER; LOPES, 2013).

Silva, Oliveira e Kamimura (2014) e Gryschek e Pinto (2015), destacam a necessidade de investir nas capacitações profissionais, aprimorando por meio dessas ações a competência profissional nas equipes de ESF para assistência prestada aos pacientes e familiares de pessoas com transtornos mentais, evidenciando a relevância de se trabalhar a educação permanente com a equipe da AB.

CONCLUSÃO
Constata-se a necessidade de inserir os profissionais de saúde, em especial os enfermeiros, em formação o mais breve possível no atendimento aos indivíduos com transtorno mental e sua família, para que estes desenvolvam competências necessárias para uma atuação holística, humanizada e integral.

Capacitar o profissional da AB, fazendo com que ele (re)construa conhecimentos necessários ao atendimento ao indivíduo em sofrimento psíquico, facilita a sua atuação exitosa. Utilizando inclusive atividades terapêuticas integrativas. 

Neste contexto, o enfermeiro tem uma importante responsabilidade, tanto no que diz respeito à assistência e gerência do cuidado, quanto no que se refere à capacitação e supervisão de outros profissionais da equipe, coloca-o como agente indispensável.

Descritores: Atenção primária à saúde; Saúde mental; Equipe de assistência ao paciente; Educação continuada.

REFERÊNCIAS
AOSANI, T. R.; NUNES, K. G. A saúde mental na atenção básica: a percepção dos profissionais de saúde. Rev. Psicol. Saúde, 2013.
BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Básica. Caderno de Atenção Básica, n. 34°. Saúde Mental. Brasília-DF: Ministério da Saúde, 2013.
CORREIA, V. R.; BARROS, S.; COLVERO, L. A. Saúde mental na atenção básica: prática da equipe de saúde da família. Rev. Esc. Enferm. USP, 2011.
DUARTE, M. L. C. et al. Programa de educação pelo trabalho: relato de experiência sobre a formação de trabalhadores. Cogitare Enferm., 2014.
GRYSCHEK, G.; PINTO, A. A. M. Saúde Mental: como as equipes de Saúde da Família podem integrar esse cuidado na Atenção Básica? . Ciência & Saúde Coletiva, 2015.
JUNIOR, D. A. B. et al. Atividades gerenciais do enfermeiro na estratégia de saúde da família. Revista de Enfermagem da UFSM, 2011.
MOLINER, J.; LOPES, S. M. B. Saúde mental na atenção básica: possibilidades para uma prática voltada para a ampliação e integralidade da saúde mental. Saúde Soc., 2013.
MOURA, R. F. S.; SILVA, C. R. C. Saúde mental na atenção básica: sentidos atribuídos pelos agentes comunitários de saúde. Psicologia: ciência e profissão, 2015.
PEGORARO, R. F.; CASSIMIRO, T. J. L.; LEÃO, N. C. Matriciamento em saúde mental segundo profissionais da estratégia da saúde da família. Psicologia em Estudo, 2014.
SILVA, S. P.; OLIVEIRA, A. L.; KAMIMURA, Q. P. Capacitação em saúde mental: entre a realidade e as ofertas do ministério da saúde. Revista Eletrônica Sistemas & Gestão, 2014.
SOUZA, A. C.; RIVERA, F. J. U. A inclusão das ações de saúde mental na Atenção Básica: ampliando possibilidades no campo da saúde mental. Rev. Tempus Actas Saúde Colet., 2010.