Título
VISITA DOMICILIAR NA ESTRATÉGIA DE SAÚDE DA FAMÍLIA: CUIDANDO DO PORTADOR DE PÉ DIABÉTICO
Autores
Ozaniely Linhares de Freitas (Relatora)
Francisco Tavares Sobrinho
Graziele Paiva Dantas
Gustavo Coêlho de Oliveira
Maria Edwiges Gomes Ribeiro
Kennia Sibelly Marques de Abrantes
Modalidade
Comunicação coordenada
Área
Enfermagem em Saúde Coletiva

INTRODUÇÃO
A Diabetes mellitus (DM) é uma doença crônica, considerada um importante problema de saúde do século XXI, sendo causada por uma deficiência na produção de insulina pelo pâncreas, o que provoca sérios danos ao corpo humano e seus sistemas, especialmente nos nervos e vasos sanguíneos. Ocasiona muitas vezes, incapacidades físicas e motoras nos pacientes acometidos pela patologia (NETO et al., 2012). 

A Estratégia de Saúde da Família (ESF), no que diz respeito a DM, é responsável pelo levantamento epidemiológico, planejamento, implementação de ações e medidas preventivas, buscando o diagnóstico de novos casos para evitar possíveis complicações ao paciente, assim, tendo um papel protagônico para o tratamento e controle da doença (ARAÚJO, 2011).

Dentre os cuidados a serem realizados pela ESF aos pacientes com DM, destaca-se à avaliação dos pés, conduta aparentemente simples, mas que, muitas vezes, é realizada de maneira insatisfatória pelas equipes de saúde da família, seja pelas dificuldades na captação dos usuários ou por condições de trabalho inapropriadas (SANTOS; CAZOLA, 2012).  

Com isso, a visita domiciliar é uma das ferramentas utilizadas pelas equipes da ESF e principalmente, pelo profissional de enfermagem na busca do tratamento e reabilitação do paciente que apresenta o pé diabético, pois através das visitas e no convívio das atividades extramuros, torna-se possível observar e acompanhar o paciente para evitar complicações crônicas do pé diabético (BRASIL, 2016).
OBJETIVO
Relatar a importância das visitas domiciliares realizada por profissionais da Estratégia de Saúde da Família no cuidado ao paciente portador de pé diabético. 

MÉTODO 
Trata-se de um estudo descritivo, do tipo relato de experiência, realizado no mês de maio de 2017, por meio da vivência de acadêmicos do curso de graduação em enfermagem de uma Universidade pública, durante o Estágio Curricular Supervisionado I, entre o período de novembro de 2016 a abril de 2017. 

As visitas domiciliares foram realizadas semanalmente, com a presença do profissional enfermeiro, técnico de enfermagem e estagiários de uma ESF do alto sertão paraibano, além do Agente Comunitário de Saúde (ACS) responsável pela microárea que o paciente portador de pé diabético residia. 

Portanto, antes de se dirigir ao domicílio, a equipe tomava conhecimento dos casos em questão, por meio dos ACS que faziam as visitas diariamente, tornando-se o elo de ligação entre os pacientes portadores de pé diabético e a equipe do serviço de saúde. 
RESULTADOS E DISCUSSÃO 
Por meio da vivência nas visitas domiciliares ao portador de pé diabético, observou-se que o acesso desses pacientes a ESF muitas vezes é dificultado por algum comprometimento motor decorrente das lesões, pela falta de incentivo ao tratamento, manejo clínico inadequado, poucas orientações, além dos fatores biopsicossociais, fazendo-se necessário o deslocamento dos profissionais ao domicílio para a prestação da assistência a esses usuários.

Segundo Mourer et al. (2011), as visitas domiciliares ao paciente com o pé diabético funcionam como uma ferramenta de intervenção no processo saúde-doença do indivíduo, com o planejamento de ações que visam a promoção da saúde, prevenção de agravos e a reabilitação, devendo assim, ocorrer de forma contínua e sistematizada, buscando a melhoria do quadro clínico, a qualidade e a excelência na assistência prestada pelo serviço de saúde aos pacientes.

Nas visitas, a participação da equipe de enfermagem foi fundamental, pois eram realizadas a avaliação da ferida e as orientações quanto aos cuidados com o corpo e até mesmo com a doença propriamente dita, sendo uma grande oportunidade para a prática da educação em saúde. 

A educação em saúde é um tema que também deve ser trabalhado no âmbito das visitas domiciliares, uma vez que torna-se uma oportunidade imprescindível de transmitir as informações e orientações necessárias, aconselhamentos, contribuindo assim de forma direta para a redução dos fatores de risco e do surgimento de complicações (JUNQUEIRA; SANTOS, 2013).

Por meio das visitas aos domicílios dos pacientes, a avaliação dos pés e membros era realizada por toda equipe, oportunizava-se a busca por lesões e a avaliação do paciente de maneira sistemática priorizando os fatores de risco modificáveis e o controle metabólico do paciente, procurando sensibiliza-lo quanto aos cuidados necessários, evitando que os mesmos deixassem de ser assistidos. 

De acordo com a Diretriz da Sociedade Brasileira de Diabetes, 2014/2015 (2015), os problemas são agravados pelo acesso insatisfatório aos sistemas de saúde, baixo nível de treinamento de profissionais em relação aos cuidados com o pé diabético, sistemas de referência e contra referência deficitários, bem como registros e monitorização de úlceras nos pés de pacientes diabéticos, contudo surge à atenção primária como porta de entrada preferencial dos usuários nos serviços de saúde, configurando-se como um dos principais níveis de atenção que é responsável por uma grande resolução dos problemas de saúde existentes, buscando sempre a interação com a comunidade.   

CONSIDERAÇÕES FINAIS 
A partir da experiência vivenciada durante o Estágio Curricular Supervisionado I, observou-se que a visita domiciliar constitui uma ferramenta indispensável na promoção, prevenção e reabilitação da saúde dos pacientes portadores de pé diabético, proporcionando uma assistência integral e contínua no processo saúde-doença. 

As visitas domiciliares realizadas pela equipe de saúde da ESF direcionam o cliente para o autocuidado e o monitoramento das lesões existentes, priorizando a sua qualidade de vida e saúde. É necessário que o enfermeiro adote estratégias educativas em sua assistência com proposito de alcançar os objetivos desejados a partir da conscientização e sensibilização do paciente e da família, colaborando de forma direta na redução dos fatores predisponentes para a patologia.  

Com isso, a visita domiciliar evidencia um meio estruturado onde é possível estabelecer a continuidade da assistência de enfermagem ao portador de pé diabético, assegurando a corresponsabilização pelo cliente e família, tornando-os sujeitos ativos do processo, permeada por um olhar hoslístico e pela humanização do cuidar.

Descritores: Atenção Primária à Saúde. Enfermagem. Pé diabético. Visita domiciliar. 

REFERÊNCIAS 
ARAÚJO, C. P. A educação em saúde como estratégia multiprofissional para prevenção do pé diabético em uma equipe de saúde da família. 36f. 2012. Monografia (Especialização em Atenção Básica em Saúde da Família) – Universidade Federal de Minas Gerais, Campos Gerais, Minas Gerais, 2012.
BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Básica.  Manual do pé diabético: estratégias para o cuidado da pessoa com doença crônica. Brasília, 2016.
JUNQUEIRA, M. A. B.; SANTOS, F. C. S. A educação em saúde na Estratégia Saúde da Família sob a perspectiva do enfermeiro: uma revisão de literatura. Rev. Ed. Popular, v. 12, n.1, p. 66-80, jan./jun., 2013.
MAURER, P. et al. Atendimento domiciliar multiprofissional à paciente hipertenso e  diabético: relato de caso. Revista Contexto & Saúde, v. 10, n. 20,  jan./jun., 2011.
NETO, J. N. C et al. O paciente diabético e suas implicações para conduta odontológica. Revista Dentística online, v. 11, n.23, 2012. 
SANTOS, J. E.; CAZOLA, L. H. O. A Importância da Avaliação e Manejo do Pé Diabético na Prevenção de Incapacidades. Cadernos ABEM, v. 8, 2012.
Sociedade Brasileira de Diabetes. Diretrizes da Sociedade Brasileira de Diabetes: 2014/2015. Org. José Egidio Paulo de Oliveira. AC Farmacêutica, São Paulo, 2015.