Título
DOENÇAS CRÔNICAS NÃO TRANSMISSÍVEIS E O DESENVOLVIMENTO DE DEPRESSÃO EM IDOSOS: uma revisão integrativa
Autores
Joseph Gabriel Cardoso do Nascimento (Relator)
Lúcio Petterson Tôrres da Silva
Edvaldo José Vicente Ferreira Filho
Luanne Gomes Araújo
Belarmino Santos de Sousa Junior
Ana Elza Oliveira de Mendonça
Modalidade
Comunicação coordenada
Área
Enfermagem em Saúde do Adulto e do Idoso

INTRODUÇÃO
As doenças crônicas são definidas como problemas de saúde que acompanham o indivíduo por período de tempo extenso, podendo apresentar episódios agudos de manifestação ou memória sensível. As doenças crônicas não transmissíveis constituem um grave e desafiador problema de saúde pública. Aproximadamente 75% das mortes devidos às mesmas ocorrem em países de baixa e média renda onde, dessas, 40% ocorrem em pessoas com menos de 70 anos de idade. A depressão é um importante problema de saúde entre a população com sessenta anos ou mais. Tal condição provoca sofrimento, ruptura dos processos familiares, deficiências, piora no estado de muitas doenças e aumento da mortalidade. Quase 3% do geral população idosa sofrem de depressão maior; 8% -16% dos idosos têm sintomas depressivos clinicamente significativos. A presença de patologias de ordem biológica pode predispor ao desenvolvimento de depressão. Este estudo torna-se relevante por disseminar informações acerca dos fatores associados às Doenças Crônicas Não Transmissíveis (DCNT) que podem contribuir para o surgimento de sintomas depressivos e desenvolvimento de depressão em idosos, permitindo assim, que os profissionais de saúde junto com a população em geral possam construir metas e ações específicas para prevenção e promoção da saúde nesse âmbito, destacando a importância de uma ação multiprofissional e uma avaliação holística, além de permitir o conhecimento para o manejo dos aspectos biopsicossociais. 

OBJETIVO
Analisar de que forma a presença de doenças crônicas em idosos pode estar associada ao desenvolvimento de depressão.

MÉTODOS
Trata-se de um estudo que utiliza como método a revisão integrativa. Realizou-se em fevereiro de 2017 a busca das publicações na Biblioteca Virtual em Saúde, utilizando a base de dados Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciências da Saúde – LILACS. A referida base de dados foi selecionada por entender-se que possui um vasto acervo de trabalhos científicos publicados sobre a área de ciências da saúde com periódicos renomados e que podem abranger localidades geográficas mais próximas. Foram utilizados os descritores de saúde (via DeCS) “doença crônica”, “depressão” e “idosos”, destaca-se a utilização do and entre os mesmos, sendo selecionado como período temporal ao ano de 2012 ao ano de 2016. Como critérios de inclusão foram definidos: trabalhos científicos que abordassem sobre o aspecto clínico de pacientes portadores de doenças crônicas e as comorbidades associadas, sendo privilegiados os que tivessem ênfase na depressão, publicados em português, possuindo texto completo, disponível e gratuito. Como critérios de exclusão foram definidos: não se adequar aos critérios de inclusão ou ser igual a outro trabalho já encontrado. Após leitura e avaliação inicial dos resumos, as publicações que se adequaram aos critérios definidos para a pesquisa foram selecionados e lidos na íntegra. Após a leitura das publicações na íntegra, prosseguiu-se com a análise e organização das temáticas: Quais as principais doenças crônicas citadas pela literatura que estão associadas à depressão? Quais fatores biopsicossociais justificam a associação entre doenças crônicas e o desenvolvimento de depressão em idosos? 

RESULTADOS E DISCUSSÃO 
Inicialmente foi exibido um resultado de 98 trabalhos científicos publicados, após a aplicação dos critérios de inclusão, dos critérios de exclusão esse número foi reduzido para 25 trabalhos científicos. Após leitura inicial dos resumos, apenas 5 trabalhos científicos foram selecionados para leitura e revisão. A insuficiência renal é uma condição caracterizada por incapacidade funcional irreversível dos rins. Seu principal meio de tratamento é a hemodiálise. Apesar de ser um meio eficaz para o tratamento, as condições impostas pela doença, como a mudança de hábitos alimentares, o deslocamento entre cidades para realização do tratamento, a expectativa por transplante, limitações para viagens, acabam por gerar diversas alterações biológicas e psicossociais, sendo destacadas entre elas a desnutrição e os transtornos de humor, como a depressão. A nutrição é um fator importante para o sucesso do tratamento de pacientes portadores de insuficiência renal crônica, os pacientes que desenvolvem depressão possuem maior risco para desnutrição e consequente dificuldade no tratamento. Ansiedade e Depressão são sintomas comuns em pacientes portadores de Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica (DPOC). A depressão apresenta alta taxa de prevalência em pessoas portadoras. É considerada uma resposta psicológica a adaptação à nova condição. Está relacionada à mudança de hábitos, aposento por invalidez, mudança de trabalho, limite para realização de atividades físicas e sexuais, mudança na imagem corporal e medo da morte. Por medo, algumas atividades são delegadas a terceiros o que acaba por provocar perda da autonomia e aumento dos sintomas de incapacidades. A desesperança é um aspecto presente, sendo relacionada ao aspecto da velhice, fragilidade e impotência, além de pouco apoio social. Os pacientes portadores de DPOC apresentam alterações corporais significativas, o que modifica a visão que os mesmos têm sobre a autoimagem corporal afetando de forma significativa a autoestima. A Osteoartrite (OA), principal doença do aparelho locomotor, é outra condição associada ao surgimento de sintomas depressivos e depressão em idosos. Cerca de 40% das pessoas acima de 70 anos de idade são portadores de osteoartrite de joelho. Por ser uma patologia relacionada ao aumento na idade, é comum a presença de comorbidades associadas, impactando diretamente na qualidade de vida da pessoa idosa. O surgimento de sintomas depressivos em portadores de OA está bastante relacionado à presença de dor, uma vez que a osteoartrite é a maior causa de dor em idosos, sendo associada também à incapacidade física. A deficiência visual é a terceira deficiência mais prevalente em idosos. A depressão está associada a doenças oculares, uma vez que muitas são incapacitantes. O idoso portador dessa condição clínica apresenta agravamento das condições já desenvolvidas devido ao envelhecimento fisiológico e cognitivo, o que pode gerar medo, isolamento social, limitação das atividades diárias, e perda da independência. Algumas doenças oculares são tratáveis se diagnosticadas cedo, isso evidencia a importância do diagnóstico precoce.

CONSIDERAÇÕES FINAIS
O desenvolvimento de patologias de ordem crônica acaba por promover aumento da fragilidade e requerem atenção em todos os seus aspectos. Os estudos apontam uma maior prevalência de depressão associada à doença crônica em idosos do sexo feminino. As alterações fisiológicas provocadas por as DCNT impactam diretamente na qualidade de vida e independência do indivíduo com sessenta anos ou mais, provocando sofrimento, dor, isolamento social e perda da autoestima, tornando-os susceptíveis ao rebaixamento no humor e o desenvolvimento de depressão. Assim, faz-se necessário que os profissionais de saúde que atuam com essa população compreendam os aspectos psicossociais espirituais e ecológicos por trás dessas patologias, para poderem atuar mediante o tratamento de maneira multidisciplinar, considerando o paciente como um ser holístico.

Descritores: Doença Crônica; Depressão; Idoso; Enfermagem.

REFERÊNCIAS
CASADO, Luciana; VIANA, Lucia Marques; THULER, Luiz Claudio Santos. Fatos de risco para doenças crônicas não transmissíveis no Brasil: Uma revisão sistemática. Revista Brasileira de Cancerologia 2009. 
COSTA, Fabrycianne Gonçalves; COUTINHO, Maria da Penha de; SANTANA, Inayara Oliveira de. Insuficiência renal crônica: representações sociais de pacientes com e sem depressão. Psico-USF, Bragança Paulista, v. 19, n. 3, p. 387-398. 
GODOY, Rossane Frizzo de. Ansiedade, depressão e desesperança em pacientes com doença pulmonar obstrutiva crônica. Estudos e Pesquisas em Psicologia Rio de Janeiro v. 13 n. 3 2013. 
LEITE, Alice Abath et al. Comorbidades em pacientes com osteoartrite: frequência e impacto na dor e na função física. Rev Bras Reumatol 2011.
OLIVEIRA, Gláucia Thaise Coimbra de et al. Avaliação nutricional de pacientes submetidos à hemodiálise em centros de Belo Horizonte. Rev Assoc Med Bras 2012.
PINCELLI, Mariângela Pimentel et al. Características de pacientes com DPOC internados em UTI de um hospital de referência para doenças respiratórias no Brasil. J Bras Pneumol. 2011. 
TAVARES, Noemia Urrut et al. Uso de medicamentos para tratamento de doenças crônicas não transmissíveis no Brasil: resultados da Pesquisa Nacional de Saúde, Epidemiol. Serv. Saúde, Brasília, 2013.