Título
GERÊNCIA DO ENFERMEIRO NA ATENÇÃO BÁSICA: CONFLITOS INTERPESSOAIS COMO FATORES DIFICULTADORES DO PROCESSO DE TRABALHO
Autores
Rayara Cibelle Ribeiro da Silva (Relatora)
Jaine da Silva Batista
Geisa Batista Leandro
Paloma Karen Holanda Brito
Leandro Nonato da Silva Santos
Marcelo Costa Fernandes
Modalidade
Comunicação coordenada
Área
Enfermagem em Saúde Coletiva

INTRODUÇÃO
O comportamento de ingestão alimentar de um indivíduo é influenciado por questões individuais, nutricionais, sociais, econômicas, demográficas, culturais e de marketing. (KÖSTER, 2009). Os fatores socioculturais são aqueles que promovem um comportamento de risco para o acometimento de um transtorno alimentar que se demonstra a partir de hábitos alimentares inadequados.

O Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais, em sua quinta edição – DMS-V (APA, 2013) considera a anorexia nervosa como um hábito alimentar propenso a risco caracterizado por uma perturbação grave na ingesta alimentar na busca de um controle de peso com base em uma imagem distorcida do próprio corpo. O indivíduo que possui este transtorno evita ao máximo o consumo alimentar, pois mesmo estando com baixo peso, ver sua imagem corporal acima do peso distorcidamente.

Por ser um transtorno alimentar e psiquiátrico a anorexia é tratada e analisada por diversos setores da saúde. Profissionais das áreas de psiquiatria, enfermagem,  endocrinologia e nutrição fazem  parte dos componentes que possuem  uma responsabilidade na terapêutica, esta conduta é realizada interdisciplinarmente devido à doença apresentar uma multifatoridade. A anorexia nervosa classifica-se em: restritiva, caracterizada por exercícios físicos exaustivos, dietas e jejuns e compulsiva periódica/ purgativa apresentando um quadro separado ou concomitante de uma idealização fixa regular e laxativa (FARAH; MATE, 2015).

Existem alguns fatores que predispõe ao indivíduo adquirir este transtorno. Dentre estes se destaca a sociedade e a mídia que são vertentes influenciadoras pelos indicados padrões corporais e o culto pela magreza, além destes alguns problemas de saúde podem  ser fontes de risco para o desenvolvimento de transtornos como àqueles relacionados à nutrição, como a dificuldade no crescimento e ganho de peso, à saúde bucal como periodontites e hipertrofia das glândulas salivares e a influência familiar nas refeições pode afetar no comportamento alimentar do indivíduo.  (GONÇALVES et al, 2013).

A mídia acaba instigando o indivíduo a adotar, uma imagem corporal perante a sociedade, de forma que ele não seja diferente, mas que tenha aquele padrão de corpo cultural, que seja agradável, não a ele, mas a mídia. Muitos dos adolescentes que se encontram nesse contexto, de acompanhar a mídia, tornam-se predispostos ao acometimento de transtorno alimentar, pois as mudanças que ocorrem no âmbito comportamental, como também  no físico, os levam a se colocar em uma busca pela a aceitação própria de sua imagem corporal, e acaba tornando-os  mais suscetíveis a sofrerem estas influências sociais e como consequência serem acometidos com a anorexia nervosa. 

OBJETIVO
Analisar as produções científicas disponíveis nas bases de dados sobre os fatores que predispõem aos adolescentes a serem susceptíveis à anorexia nervosa.

METODOLOGIA
Realizou-se uma revisão integrativa de literatura., onde foram realizadas buscas de artigos, como critérios de inclusão para a seleção da amostra foram os seguintes,  artigos publicados em língua portuguesa e com informações sobre a temática abordada. Foram excluídos artigos em língua inglesa e que não se aprofundaram no assunto. A coleta de dados foi realizada por um avaliador independente no SCIELO (ScientificElectronic Library Online) e ADOLEC, específica em saúde do adolescente a partir da Biblioteca Virtual em Saúde (BVS). A busca foi realizada no mês de abril de 2017, empregando a combinação dos seguintes descritores: “anorexia”, “adolescentes”, “transtorno alimentar” conforme a classificação dos Descritores em Ciências da Saúde (DeCS). Identificou-se 22 artigos, destes foram selecionados cinco, após a análise dos critérios de inclusão, os quais foram lidos na íntegra e de forma minuciosa a fim de atender ao objetivo do estudo. 

RESULTADOS E DISCUSSÃO
A análise dos artigos possibilitou perceber que os adolescentes são os públicos mais vulneráveis da sociedade quanto ao transtorno  alimentar, do tipo anorexia nervosa, principalmente os do gênero feminino, mas não podendo deixar de enfatizar que também foram detectados casos em adolescentes masculino.

Todos os artigos abordaram que os principais fatores que podem desencadear uma anorexia nervosa incidentemente em adolescentes, é a pressão cultural em que busca um padrão de beleza de um corpo esculpido e magro. Pode ser observado tanto no Brasil como em outros países. Para Jorge e Vitalle (2008) os indivíduos sentem-se pressionados a corresponder ao padrão de beleza da sua cultura, procurando dietas de emagrecimento.  

Analisando os artigos, percebeu-se que os adolescentes precisam de uma atenção maior dos seus familiares e das pessoas que lhe cercam, em vista que os mesmos são os de maior vulnerabilidade para desencadear o transtorno. 

Anorexia nervosa atinge o sexo feminino em cerca de 95%. (SCHMIDT E MATA,2008). E o principal fator para essa ocorrência é a busca de um corpo perfeito que a sociedade brasileira assim como também de muitos outros países impõe como padrão de beleza. As adolescentes insatisfeitas com a imagem corporal adotam comportamentos alimentares anormais e práticas inadequadas de controle de peso, como uso de diuréticos, laxantes, autoindução de vômitos, realização de atividade física extenuante, entre outros. 

A relação que acontece entre corpo e identidade situa-se na construção de um design corporal escolhido para se representar dentro do virtual, mas também dos sentidos modificados da corporeidade de quem experimenta o jogo. (FARAH,2015).

A principal característica desse corpo perfeito em que os adolescentes buscam é a magreza, então eles deixam de se alimentar por acharem que estão fora do padrão, faz uso de medicamentos inadequados e sem ao menos perceberem, que essas atitudes, provoca o aparecimento de um transtorno alimentar. A partir dessa idealização,  seu psicológico emite um pensamento em estarem gordos, mesmo que já estejam em um nível de magreza extrema.

CONSIDERAÇÕES FINAIS
A busca pelo corpo perfeito tornou-se tão acentuada que os adolescentes passaram a desenvolver transtornos alimentares decorrentes dessa necessidade de perfeição, tal aspecto transcende a vaidade e acaba por se instalar no indivíduo como uma patologia de fato. Entende-se que a cultura midiática possui influência significativa sobre esse público que ao passar do tempo, tornou-se cada vez mais vulnerável. 

É perceptível a necessidade de um acompanhamento mais próximo de todas as pessoas que estão em volta dos adolescentes seja no seu convívio familiar ou no seu ciclo social, uma vez que esse auxílio pode diminuir o desenvolvimento da anorexia nervosa.

Em muitos casos se faz necessário um acompanhamento mais específico para diminuir ainda mais as chances de desencadear tal transtorno, a anorexia nervosa quando se inicia na adolescência tem se apresentado cada vez mais crescente e tem sido identificada em diferentes culturas e classes sociais. É uma patologia de morbidade e mortalidade potencialmente altas, que apresenta etiologia multifatorial. Portanto, o tratamento ideal deve ser feito por uma equipe multidisciplinar (psiquiatra, psicólogo, nutricionista, terapeuta ocupacional, pediatra ou clínico geral e enfermeiro) e a internação deve ser considerada em certos casos. E essa equipe deve se comunicar intensamente, para saber abordar de forma constante e adequada, e garantir que tanto o adolescente como a sua família obtenham benefícios.

DESCRITORES: Anorexia. Adolescentes. Transtorno Alimentar.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
American Psychiatric Association (APA) (2013). Diagnostic and statistical manual of eating disorders (5th ed.). Arlington: o autor.
ALVES, Emilaura; VASCONCELOS, Francisco de Assis Guedes; CALVO, Maria Cristina Marino; NEVES, Janaina. Prevalência de sintomas de anorexia nervosa e insatisfação com a imagem corporal em adolescentes do sexo feminino do Município de Florianópolis, Santa Catarina, Brasil. Cad. Saúde Pública, Rio de Janeiro, 24(3):503-512, mar, 2008.
FARAH M. H. S., Mate C. H. Uma discussão sobre as práticas de anorexia e bulimia como estéticas de existência. São Paulo. Educ. Pesqui., Aheadofprint. 2015.
GONÇALVES, J. A. et al. Transtornos alimentares na infância e na adolescência. Rev Paul Pediatr (2013): 96-103.
JORGE, Stella Ricci Ferreira; VITALLE, Maria Sylvia de Souza; Entendendo a anorexia nervosa: foco no cuidado à saúde do adolescente.  ArqSannyPesq Saúde. 57-71, 2008.
KANESHIMA, Alice Maria de Souza; FRANÇA, Angela Andréia; KNEUBE, Daniele de Pinho Freitas; KANESHIMA, Edilson Nobuyoshi. Ocorrência de anorexia nervosa e distúrbio de imagem corporal em estudantes do ensino médio de uma escola da rede pública da cidade de Maringá, Estado do Paraná. Acta Sci. Health Sci. ; v. 28, n. 2, p. 119-127, 2006. 
KÖSTER EP. Diversity in the determinants of food choice: a psychological perspective. Food Qual Prefer 2009; 20:70-82.
SCHMIDT, Eder; MATA,Gustavo Ferreira.Anorexia nervosa: uma revisão; Fractal, Rev. Psicol. vol.20 no.2 Rio de Janeiro July./Dec. 2008.
VILELA, João E.M.;LAMOUNIER, Joel A.; FILHO, Marcos A. Dellaretti; NETO, José R. Barros; HORTA, Gustavo M. Transtornos alimentares em escolares. Jornal de Pediatria - Vol. 80, Nº1, 2004.