Título
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RELIGIÃO, ESPIRITUALIDADE E TRANSTORNOS MENTAIS: UMA NOVA ERA NA SAÚDE MENTAL
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Autores
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Mateus Andrade Ferreira (Relator)
Ariane Moreira Coelho
Daniele Rodrigues Da Silva
Geiza Lisboa Rolim
Vitória Bezerra Nogueira
Fernanda Formiga Flávio
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Modalidade
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Comunicação coordenada
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Área
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Enfermagem em Saúde Mental
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INTRODUÇÃO
A reforma psiquiátrica foi o estopim para o fim da institucionalização dos sujeitos com transtornos mentais, trazendo a necessidade da criação de uma rede de saúde descentralizada e inserida na comunidade. Junto com essas mudanças surge uma nova forma de implementar o cuidado, visualizar o sujeito e suas necessidades, sejam elas afetivas, físicas, religiosas ou sociais, que de alguma forma possam influenciar na terapêutica e consequentemente na qualidade de vida destes. (SALIMENA et al., 2016). No que tange a integralidade do sujeito, a espiritualidade e a religiosidade foram incluídas a partir de 1988 pela Organização Mundial de Saúde (OMS) no conceito de multidimensionalidade do indivíduo. Ambas despontam como necessidades presentes na rotina clínica, porém pouco exploradas. Assim o que norteia esse estudo é a necessidade de compreender como a religiosidade e a espiritualidade são trabalhadas junto ao campo da Saúde Mental levando em conta a escassez de estudos e sua relevância na formação acadêmica de estudantes de saúde.
OBJETIVOS
Esse trabalho possui como objetivo compreender como a religiosidade e a espiritualidade são abordadas junto ao campo da Saúde Mental e as influências que elas possuem sobre a qualidade de vida, o enfrentamento e tratamento da doença de sujeitos com transtornos mentais, assim como o papel que o profissional de saúde desempenha nesse processo de assistência a esses indivíduos.
MÉTODO
Trata-se de estudo de revisão integrativa onde foi realizada as seguintes etapas: foram feitas buscas entre os meses de Abril e Maio de 2017, nas bases da Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciências da Saúde (LILACS), Base de dados de enfermagem (BDENF) e Scientific Electronic Library Online (SciELO). A pesquisa utilizou os descritores “Saúde mental and religião and espiritualidade”, “Saúde mental and religião” e “Saúde Mental and espiritualidade”. Por fim, foram utilizados como critérios de inclusão: a escolha de artigos publicados entre os anos de 2012 a 2017, em língua portuguesa, e que estivessem disponíveis completos para leitura, sendo excluídos os artigos que não abordavam o paciente com transtorno mental e as influências da espiritualidade e religiosidade sobre o mesmo. Para guiar a revisão integrativa formularam-se as seguintes questões norteadoras: Como a religiosidade e a espiritualidade são trabalhadas no campo da saúde mental? Qual a influência na terapêutica? Como o profissional desempenha sua assistência sob essa óptica?
Após analisados, os resultados foram classificados em três categorias: (1) Papel da espiritualidade e religiosidade na vida do indivíduo; (2) Influências da espiritualidade e religiosidade no enfrentamento na doença e na qualidade de vida do sujeito com transtornos mentais; (3) Como o profissional de saúde utiliza a espiritualidade e religiosidade no cuidado sob a óptica dos transtornos mentais.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
A busca ocorreu na base de dados LILACS localizando 77 artigos, seguida da SciELO com 32 artigos, e pela BDENF com 22 artigos. Totalizando 131 artigos dos quais após a eliminação dos artigos repetidos e aplicação dos critérios de exclusão restaram 8 trabalhos.
PAPEL DA ESPIRITUALIDADE E RELIGIOSIDADE NA VIDA DO INDIVÍDUO.
O sujeito busca a religiosidade e espiritualidade, principalmente na forma de religião, no momento do adoecimento e quando os tratamentos médicos não surtem efeitos (HENRIQUES; OLIVEIRA FILHO; FIGUEIREDO, 2015; MURAKAMI; CAMPOS, 2012). A religião, nesse caso, servirá como um grupo social de apoio para o enfrentamento da doença, criando relações sociais entre os participantes que pode colaborar na aceitação do tratamento, compreensão do sofrimento através de criação de significados e trazer esperança para uma possível cura pela fé. (MURAKAMI; CAMPOS, 2012; PORTO; FRANCIOLLI, 2013; REINALDO; SANTOS, 2016)
INFLUÊNCIAS DA ESPIRITUALIDADE E RELIGIOSIDADE NO ENFRENTAMENTO NA DOENÇA E NA QUALIDADE DE VIDA DO SUJEITO COM TRANSTORNOS MENTAIS.
A religiosidade e a espiritualidade funcionam como uma forma de trazer segurança, estabilidade e esperança na vida pessoal dos pacientes proporcionando uma maior satisfação com a vida, felicidade e refletindo na saúde física e mental do paciente. O aspecto religioso e espiritual pode ser responsável por ajudar a vivenciar e enfrentar a doença oferecendo um espaço coletivo que colaborará com a criação de um sentimento de pertencimento na organização e compartilhamento de suas experiências. (MARTINEZ ET AL., 2014; SALIMENA ET AL., 2016). No entanto, alguns autores, em certas situações, trazem a espiritualidade e a religiosidade relacionadas ao fanatismo, fator causador de crises, ou a criação de um sujeito passivo dependente de um determinismo religioso (HENRIQUES; OLIVEIRA FILHO; FIGUEIREDO, 2015; REINALDO; SANTOS, 2016).
COMO O PROFISSIONAL DE SAÚDE UTILIZA A ESPIRITUALIDADE E RELIGIOSIDADE NO CUIDADO SOB A ÓPTICA DOS TRANSTORNOS MENTAIS.
O trabalho com esses temas poderá exigir do profissional que ele possa trabalhar os aspectos espirituais e religiosos do indivíduo respeitando as crenças, incentivando os comportamentos que contribuam com a evolução do seu tratamento e intervindo nos que possam causar danos ao sujeito (MARTINEZ ET AL., 2014; MURAKAMI; CAMPOS, 2012). O cuidador deve passar confiança para o paciente, de modo que esse sinta-se seguro para compartilhar suas vivências religiosas e através dessa partilha de informações sirva como base para atuação do profissional para um tratamento mais eficaz e completo. (REINALDO; SANTOS, 2016; SALIMENA ET AL., 2016).
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Pode-se perceber que a temática ainda é pouco abordada visto a pequena quantidade de estudos disponíveis nos últimos cinco anos. Nos artigos encontrados ficou evidente o papel da espiritualidade e religiosidade como ponto de apoio, e como fatores que auxiliam no enfrentamento da doença e manutenção da saúde física e mental dos pacientes. Vale destacar a importância do tema na formação acadêmica do profissional de modo que esse possa entender a importância desse assunto e ao mesmo tempo saiba como abordá-lo com seus pacientes na criação de um melhor atendimento.
Descritores: Saúde mental, religiosidade e espiritualidade.
REFERÊNCIAS
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