Título
PROMOVENDO A PRÁTICA DO ALEITAMENTO MATERNO SEGURO: UM RELATO DE EXPERIÊNCIA
Autores
Emília Madalena Fernandes Edovirgens (Relatora)
Ana Gilcelânia Fernandes Edovirgens
Irislândia de Oliveira Batista
Leandro Nonato da Silva Santos
Cícera Renata Diniz Vieira Silva
Modalidade
Comunicação coordenada
Área
Enfermagem em Saúde da Mulher

INTRODUÇÃO
De acordo com a Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (FEBRASGO, 2015), o leite materno é responsável por reunir todas as características nutricionais ideais, garantindo balanceamento adequado de nutrientes, possui muitas vantagens imunológicas e psicológicas importantes na redução da morbidade e mortalidade infantil. A amamentação é uma ação natural, que garante vínculo, afeto, proteção e nutrição para o recém-nascido e a forma mais econômica e eficaz de intervenção na redução da morbimortalidade infantil, além de atuar na promoção da saúde integral do bebê.

 O aleitamento materno garante muitas vantagens para a mulher, pois facilita o fortalecimento do vínculo afetivo mãe-filho, evita complicações hemorrágicas no pós-parto e ajuda no retorno do peso pré-gestacional. Para a criança, é o alimento completo, facilita a eliminação de mecônio e diminui o risco de icterícia e protege contra infecções. Também garante vantagens para a família, pois o leite materno não tem custo, ele está sempre pronto, não precisa de preparo e reduz a mortalidade infantil (ARAÚJO, 2012). 

No Brasil, as pesquisas mostram o aumento da prática da amamentação nas três últimas décadas. Não faltam indícios de que ações de proteção, promoção e apoio à amamentação devem ser incentivadas, pois está longe de atingir as metas propostas pela Organização Mundial da Saúde (OMS) (BIS, 2002).

OBJETIVOS
Destarte, este relato objetiva descrever a experiência das graduandas de enfermagem, quanto à educação em saúde com mães e lactentes durante o atendimento de consulta de puericultura em uma Unidade Básica de Saúde (UBS) no interior da Paraíba e trazer reflexões sobre profissionais que possuem competências direcionadas ao atendimento a esse público. 

MÉTODO
Trata-se de um estudo descritivo, do tipo relato de experiência da vivência prática em uma Unidade de Saúde da Família, no município de Uiraúna - PB, em que aconteceu em março de 2017, referente às ações de enfermagem em saúde da criança e do adolescente, contando com a participação de 11 acadêmicos do 7º período de Enfermagem.  Os profissionais de saúde estavam realizando a consulta de puerpério com as mães e lactentes daquela microárea.

As ações desenvolvidas na unidade voltadas para esse público acontecem no consultório de enfermagem, onde realiza-se a entrevista com a mãe, ou seja, a coleta de dados sobre os hábitos saudáveis da criança e sua rotina na amamentação, procurando saber se a criança está seguindo uma rotina adequada a sua idade, como também se a alimentação da mãe é de qualidade para que o leite ofertado do seu filho seja saudável.

 Foi possível realizar com todas as acrianças o exame físico e principalmente a coleta de dados em relação a sua altura e perímetro cefálico para registrar na caderneta da criança. Em seguida, as devidas orientações à mãe foram ofertadas, para que a promoção de um bom crescimento e desenvolvimento da criança fossem satisfatórios. 

RESULTADOS E DISCUSSÃO
Ao chegar na unidade de saúde, as mães iam sendo recepcionadas pelos acadêmicos de enfermagem, em que tiveram uma breve conversa esclarecedora sobre os benefícios do aleitamento materno exclusivo até os 6 (seis) meses concomitantemente com demonstração da cadeia alimentar, ou seja, foram mostrados os melhores alimentos para inserir de acordo com a idade da criança em um banner para melhor compreensão das pessoas ali presentes. 

E para sentirem-se mais a vontade, foi servido salada de frutas enquanto não eram atendidas pela enfermeira. Em seguida, seus filhos iam sendo pesados e acompanhados pela caderneta da criança para verificar se o seu crescimento e desenvolvimento estavam sendo satisfatórios. Já com esses dados coletados na recepção, as mães e seus filhos eram encaminhados para o consultório da enfermeira para consulta de puericultura. 

Apesar de a comunidade da micro-área ser bem participativa e participarem das consultas de puericultura, ainda há fragilidade em relação ao aleitamento materno. Elas seguem a rotina de consulta nos dias marcados, permitem a realização da coleta de informações de seus filhos como altura e peso, no entanto, muitas não conseguem seguir a prescrição da amamentação durante os 6 meses de forma exclusiva. Nos primeiros três meses já inserem outros tipos de leite por conta própria ou por conselhos de vizinhas e família na alimentação do seu filho, causando assim os riscos de diarreia e internação de forma precoce.

De acordo com Brasil (2015), não existem vantagens para introduzir alimentos complementares antes dos 6 meses de vida, pode-se haver prejuízos à saúde da criança como risco de desnutrição e episódios de diarreia, menor duração do aleitamento materno, reduz a eficácia da amamentação como método anticoncepcional e outros prejuízos. Sendo assim, com a informação confirmada que as mães já tinham incluído outros alimentos antes dos 6 meses, fez-se a investigação se houve alguma patologia que acometeu a criança após a consulta anterior, como também eram sanadas as dúvidas que as mães tinham. 

Ao serem questionadas pela enfermeira por esta atitude, as mães afirmavam que não conseguem seguir a amamentação por mais tempo por causa da ausência de leite ou que o peito "secou".Ter o apoio dos profissionais e da família garantem ótimos resultados para amamentação, sendo assim, o preparo das mamas, as técnicas de pega correta e sucção são fatores responsáveis para o sucesso da amamentação. 

Através dessa atitude percebe-se que ainda é necessário trabalhar no pré-natal o estímulo da amamentação exclusiva até o sexto mês, como é preconizado pelo Ministério da Saúde (MS) e Organização Mundial da Saúde (OMS) e explicar de forma simples e de fácil compreensão que, quanto mais o bebê sugar o peito, maior será a liberação de prolactina (hormônio responsável pela produção do leite materno) e consequentemente mais leite será produzido. É necessário que as mães que estão na fase de amamentação, estejam tranquilas, sem medo e sem ansiedade para não atrapalhar o hormônio responsável pela ejeção do leite (ocitocina) (ARAÚJO, 2012). 

A enfermeira também prescrevia novos hábitos alimentares no cardápio das crianças como a inserção de papas doces e salgadas e depois fazia a coleta das medidas antropométricas. A profissional de saúde também buscou adaptar o melhor leite de acordo com o perfil da criança para aqueles que já tiveram a substituição do leite materno por leites industrializados antes da idade recomendada. Também foi possível orientar as mães sobre a importância de uma alimentação saudável durante a amamentação, sempre levando em consideração a sua condição socioeconômica para que ela pudesse alimentar-se daquilo que era mais acessível e saudável. 

Após os seis meses, a criança amamentada já pode receber 3 (três) refeições ao dia, ou seja, duas papas de fruta e uma papa salgada/comida de panela. Após os sete meses e de acordo com a evolução da criança, a segunda papa salgada/comida de panela pode ser introduzida como arroz, feijão, carne, legumes e verduras. Vale salientar que a criança precisa se adaptar aos novos alimentos que estão sendo inseridos no seu cardápio, pois as texturas dos alimentos são diferentes do leite materno.Com doze meses a criança já pode receber, no mínimo, cinco refeições ao dia. Entre os seis aos doze meses de vida, a criança necessita se adaptar aos novos alimentos, cujos sabores, texturas e consistências são muito diferentes do leite materno. Com doze meses, a criança já deve receber, no mínimo, cinco refeições ao dia. Apesar de a amamentação continuar em livre demanda após os seis meses, pode ser necessária uma nova mudança nos horários da criança e da família durante as refeições (BRASIL, 2015). A atuação dos profissionais de saúde durante a consulta de pré-natal são importantes para o estímulo da amamentação durante a fase de aleitamento materno. Deve ser esclarecido que o leite deve ser oferecido em livre demanda, nos primeiros dias os bebês podem mamar de forma irregular em relação a frequência e duração, no entanto, com o passar dos dias, eles adquirem seu próprio ritmo de horário regular.

A qualidade da amamentação pode ser avaliada se está sendo satisfatória através do ganho de peso, quando as trocas de fraldas são superiores a oito vezes por dia, a amamentação não causa dor ou desconforto, sensação das mamas esvaziadas, pode-se ouvir a deglutição do leite após a mamada (BRASIL, 2015).

Todos esses pontos devem ser trabalhados na atenção básica para que se possa ter a qualidade da amamentação e que as mães sejam sempre estimuladas para realizar esse ato, caso contrário elas poderão não seguir as recomendações, por isso é necessário que tenha sempre um vínculo afetivo entre o profissional e a paciente para que possa garantir que elas estejam seguindo as orientações que foram esclarecidas no momento das consultas. 

CONCLUSÃO
Através desse contato com mães usuárias da rede de atenção básica, pode-se perceber a fragilidade do contato mãe e bebê. Muitas delas acabam interrompendo precocemente o aleitamento materno, onde pode-se perceber a desvantagem no estabelecimento do vínculo afetivo mãe-filho. Sendo assim, ainda é necessário trabalhar em educação em saúde com as mães e mostrá-las as vantagens de manter o aleitamento materno da forma como é preconizado pela OMS e MS.

Elas precisam compreender que o leite materno é o alimento completo para o lactente menor de seis meses, tanto no aspecto nutricional, como digestivo, além de protegê-los contra infecções e consequentemente ocorrerá a redução de casos de lactentes internados no primeiro ano de vida.

Descritores: Aleitamento Materno; Puericultura; Amamentação; Atenção Básica; Saúde da Criança.

REFERÊNCIAS 
Mariani Neto, Corintio Manual de aleitamento materno / Corintio Mariani Neto. 3ª ed. -- São Paulo: Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (FEBRASGO), 2015. 
Araújo, Luciane de Almeida. Enfermagem na prática materno-neonatal/ Luciane de Almeida Araújo, Adriana Teixeira Reis. - Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2012.
BIS - Boletim do Instituto de Saúde nº 27 - Agosto 2002 nº 27 - Agosto 2002 ISSN 1809-7529 Publicação quadrimestral do Instituto de Saúde. Tiragem:2000 exemplares.
Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Básica. Saúde da criança : aleitamento materno e alimentação complementar / Ministério da Saúde, Secretaria de Atenção à Saúde, Departamento de Atenção Básica. – 2. ed. – Brasília : Ministério da Saúde, 2015.