Título
VISITA DOMICILIAR COMO INSTRUMENTO ASSISTENCIAL NA ESTRATÉGIA DE SAÚDE DA FAMÍLIA
Autores
Gustavo Coelho de Oliveira (Relator)
Daniele Pereira Soares
Francisco Tavares Sobrinho
Lana Lívia Peixoto Linard
Ozaniely Linhares de Freitas
Gerlane Cristinne Bertino Véras
Modalidade
Comunicação coordenada
Área
Enfermagem em Saúde Coletiva

INTRODUÇÃO
Visando atender ao disposto na Constituição Brasileira de 1988 e aos princípios do Sistema Único de Saúde (SUS), a Estratégia Saúde da Família (ESF) evidencia um dos planos idealizados para a consolidação das políticas públicas da saúde, além de possibilitar a promoção e socialização de atividades em uma determinada área (SORATTO et al., 2015). Portanto, a visita domiciliar é utilizada pelos profissionais da ESF na busca pela prevenção de doenças, promoção da saúde, tratamento e reabilitação dos usuários atendidos naquele determinado território (KEBIAN; ACIOLI, 2014). 

Segundo Cruz e Bourget (2010), as visitas domiciliares mesmo não sendo uma estratégia inédita na saúde brasileira, nos dias de hoje, apresentam-se de forma mais ampla e complexa. Possibilitando aos profissionais da equipe de saúde da família, a identificação do contexto social, econômico e cultural em que o serviço está inserido, conhecendo a comunidade e as condições reais de vida dos usuários e de suas famílias (SANTOS; MORAIS, 2011). 

Ao Agente Comunitário de Saúde (ACS) é dada a função de realizar no mínimo uma visita mensal a cada família da sua microárea, objetivando assegurar o acompanhamento dos indivíduos e suas famílias, independentemente de situação de risco (CUNHA; GAMA, 2012). Também, é fundamental a atuação de todos os profissionais da ESF em visitas, para que o processo de saúde-doença seja compreendido e discutido de forma multiprofissional e interdisciplinar e assim proporcione uma assistência de qualidade nos serviços primários à saúde (MAURER et al., 2011). 
OBJETIVO
Relatar as visitas domiciliares, como ferramenta assistencial da Estratégia de Saúde da Família.

MÉTODO 
Trata-se de um estudo descritivo do tipo relato de experiência realizado em maio de 2017 em decorrência da vivência no estágio curricular supervisionado I, de acadêmicos do curso de graduação em enfermagem de uma universidade pública federal. As visitas domiciliares ocorreram no período de novembro de 2016 a abril de 2017, em uma ESF no alto sertão paraibano. 

A visita domiciliar é uma das atividades obrigatórias e regulares na ESF em questão, onde diariamente os ACS visitavam os domicílios de suas microáreas e semanalmente, na quarta-feira, todos os profissionais da ESF saiam para realizar as visitas domiciliares as famílias da área abrangência. 

RESULTADOS E DISCUSSÃO 
Constatou-se que as visitas domiciliares são fundamentais para a edificação de uma atenção primária à saúde de qualidade e excelência, pois a partir desses momentos, os profissionais e os acadêmicos puderam ver e conhecer a realidade da comunidade assistida pela ESF e assim, notar a contextualização em que cada indivíduo e sua família estão expostos. 

De acordo com Andrade et al. (2014), a visita domiciliar visa à promoção da saúde da comunidade com o apoio técnico-científico e a utilização de tecnologias leves para a aplicação de ações extraunidade de saúde, além de intervir ou minimizar o processo saúde-doença daquela população, caracteriza-se como uma oportunidade diferente de cuidado a saúde. 

As atividades oportunizaram momentos de vinculação entre a equipe e os usuários, possibilitando uma assistência à saúde de forma mais humana e acolhedora, onde os usuários se sentiam mais atraídos pela confiança que os profissionais repassavam, assim aproximando o domicílio do serviço, com a oportunidade de edificar e a sensibilizar a população sobre as reais funções da ESF na atenção primária à saúde para a população. 

Na ESF, a visita domiciliar vem como um mecanismo de interação no cuidado à saúde, sendo uma ferramenta de intervenção fundamental utilizado pelas equipes de saúde para a inserção e o conhecimento da realidade de vida da população, construindo vínculos com a mesma (MOURÃO et al., 201 0). 

Foi perceptível que com ida ao domicílio, aos usuários passaram a frequentar regulamente a ESF, bem como um aumento no número de procedimentos que muitas vezes é visto como constrangedor, como o exame citológico, realizado pelo enfermeiro. Assim, durante as visitas é fundamental que os profissionais, principalmente o enfermeiro, utilizem da educação em saúde para sensibilização da população quanto os mitos ainda existentes nos dias de hoje. 

Para Somavilla et al. (2015), durante a visita domiciliar a equipe de saúde deve interagir, aconselhar e sanar as dúvidas existentes, portanto, passa a ser um espaço estratégico para a prática educativa de promoção a saúde. Através das atividades educativas, o acompanhamento e a assistência no domicílio, permitem uma melhor qualidade de vida dos usuários, além de facilitar a conscientização da importância da saúde do indivíduo e família. 

Portanto, a enfermagem apresenta-se como a profissão que participa da capacitação da comunidade, visando o repasse de informações importantes na educação da clientela assistida. Segundo COSTA (2010), a atuação do enfermeiro junto à equipe de saúde, durante as visitas domiciliares é muito importante no sentido de orientar os usuários da ESF, sensibilizando-os quanto à prevenção e promoção da saúde, bem como, é fundamental para utilizar-se de técnicas e ações da arte do cuidar.

CONSIDERAÇÕES FINAIS 
A visita domiciliar mostra-se como uma das ferramentas primordiais para a sua efetivação das ESF, tendo em vista que, durante as ações, os profissionais, vinculam-se aos usuários e suas famílias, construindo laços que são essenciais para uma assistência de qualidade. Assim, a aproximação do serviço com o domicílio torna-se imprescindível para a integralidade do cuidado prestado na ESF, em especial, aos usuários que necessitam desse dessa ferramenta, por estarem impossibilitados de ir até a unidade.

O papel da visita domiciliar, perpassa as barreias que obstaculizam o função da ESF na atenção primária à saúde, buscando a reorganização e integralização de uma assistência de qualidade e equânime na saúde da população. 

Além disso, a vivência mostrou-se fundamental para a vida acadêmica e profissional dos discentes da enfermagem, permitindo conhecer a comunidade em estudo, possibilitando a criação de vínculos com a comunidade para que os usuários se sentissem mais seguros com os serviços oferecidos por esses.

Descritores: Estágio. Estratégia de Saúde da Família. Visita Domiciliar. 

REFERÊNCIAS
ANDRADE, A. M. et al. Visita domiciliar: validação de um instrumento para registro e acompanhamento dos indivíduos e das famílias. Epidemiologia e Serviços de Saúde, v.23, n.1, Brasília, mar. 2014. 
COSTA, D. F. S. O pé diabético nas ações dos serviços de enfermagem na estratégia saúde da família. Universidade Federal de Minas Gerais. Faculdade de Medicina. Núcleo de Educação em Saúde Coletiva . Itabirinha, 2010. 30f. Monografia (Especialização em Atenção Básica em Saúde da Família).
CRUZ, M. M.; BOURGET, M. M. M. A Visita Domiciliária na Estratégia de Saúde da Família: conhecendo as percepções das famílias. Saúde Soc. São Paulo, v.19, n.3, p.605-613, 2010.
CUNHA, C. L. F.; GAMA, M. E. A. A visita domiciliar no âmbito da atenção primária em saúde. Atualidades da Assistência de Enfermagem. Rio de Janeiro: Rubio, 2012. 
KEBIAN, L. V. A.; ACIOLI, S. A visita domiciliar de enfermeiros e agentes comunitários de saúde da Estratégia Saúde da Família. Revista Eletrônica de Enfermagem, v.16, n.1, p.161-169, jan./mar. 2014. 
MAURER, P. et al. Atendimento domiciliar multiprofissional à paciente hipertenso e diabético. Revista Contexto & Saúde, v.10, n.20, jan./jun. 2011. 
MOURÃO, S. M. et al. A visita domiciliar como instrumento para a promoção de práticas de higiene: uma revisão bibliográfica. Sanare: revista de políticas públicas, v.9, n.2, p.86-92, Sobral, jul./dez. 2010. 
SANTOS, E. M.; MORAIS, S. H. G. A visita domiciliar na estratégia saúde da família: percepção de enfermeiros. Cogitare Enfermagem, v.16, n.3, p.492-497, jul./set. 2011.
SOMAVILLA, I. M. et al. A visita domiciliar como estratégia de educação em saúde: um relato de experiência. In: SEMINÁRIO INTERINSTITUCIONAL DE ENSINO, PESQUISA E EXTENSÃO. 20. 2015. Cruz Alta: Universidade de Cruz Alta, 2015. 
SORATTO, J. et al. Estratégia saúde da família: uma inovação tecnológica em saúde. Texto Contexto Enfermagem, v.24, n.2, p.584-592, Florianópolis, abr./jun. 2015.