Título
TABAGISMO NA PENITENCIÁRIA: UMA CONVERSA ENTRE ACADÊMICOS E MULHERES QUE VIVEM NESSE SISTEMA
Autores
Poliana Carla Batista de Araújo (Relatora)
Elaine Cristina Tomás da Silva
Gustavo Coêlho de Oliveira
Laisa de Sousa Marques
Mário Hélio Antunes Pamplona
Paula Frassinetti Oliveira Cezário
Modalidade
Comunicação coordenada
Área
Enfermagem em Saúde da Mulher

INTRODUÇÃO
O tabagismo é uma das práticas que mais causam comorbidades e óbitos no Brasil. O consumo do cigarro pode provocar diferentes patologias que afetam o organismo dos indivíduos, como o câncer, doença cardiovascular, doenças pulmonares, úlcera péptica e entre outras complicações sistêmicas. Estudos apontam que a mortalidade é duas vezes maior nos fumantes quando comparados aos não fumantes (NUNES; CASTRO, 2011). 

Mesmo sendo uma prática ainda muito utilizada na sociedade, o tabaco, vem sendo cada vez mais combatido, buscando diminuir a sua utilização e proporcionando a melhoria na qualidade de vida das pessoas. É uma droga de uma alta escala prejudicial, pois não afeta apenas o seu usuário, mas também prejudica todos aqueles que convivem com o mesmo, denominado de fumantes passivos. (TEODORO, 2012). 

Os serviços prisionais exercem um papel simbólico na representação social da segurança, do sistema judiciário e das instituições sociais em geral, assim o uso dessas substâncias nas prisões tem efeitos para além dos prejuízos clínicos causados ao usuário, pois nesse ambiente fechado, propicia o aumento do número de fumantes passivos que ingerem de forma indireta essa substância (DAMAS; OLIVEIRA, 2013).

Nesse sentido, a educação em saúde é uma das ferramentas utilizadas para o combate, reabilitação e sensibilização das pessoas privadas de liberdade no que diz respeito ao tabagismo, pois influencia positivamente na saúde dos mesmos, permitindo o desenvolvimento de maior controle sobre os fatores que a determinam a utilização do cigarro, visando proporcionar uma vida mais saudável (ALCANTARA et al., 2014).

OBJETIVO
Relatar a experiência de acadêmicos frente às ações educativas contra o tabagismo com mulheres que vivem no sistema penitenciário. 

MÉTODO 
Trata-se de um estudo descritivo realizado no mês de maio de 2017 com o relato de experiência de acadêmicos do curso de graduação em enfermagem, pedagogia e história de uma universidade pública federal no II Mutirão de Saúde da Rede EBSERH. A atividade ocorreu em um presídio feminino municipal de uma cidade do alto sertão paraibano.

Foi utilizada a metodologia ativa por meio do círculo de cultura, com o uso do lúdico (dança, dinâmicas e músicas) e rodas de conversa abordando a temática do tabagismo para o público alvo. Para o desenvolvimento da atividade, os acadêmicos realizaram reuniões de planejamento das ações a serem executadas, também organizaram kits de higiene pessoal (absorventes, creme dental, escovas de dente e sabonetes) para serem entregues as mulheres presentes. 

RESULTADOS E DISCUSSÕES
Durante a realização das atividades desenvolvidas, os acadêmicos puderam repassar informações fundamentais sobre o tabagismo e as doenças mais frequentes ocasionadas por essa prática. Assim, esses momentos propiciaram a construção de saberes quanto à temática em foco, oportunizando ao público envolvido, a retirada de dúvidas e o conhecimento dessa problemática que os atinge. 

As ações de educação em saúde são importantes estratégias para a promoção da saúde, pois estas possibilitam construir conhecimentos para que as pessoas tornem-se autônomas, favorecendo o autocuidado e dessa forma poder contribuir para a melhoria de sua qualidade de vida. Tendo em vista o vasto índice epidemiológico evidenciado pelo tabaco no país, uma realidade não distante do ambiente penitenciário (FALKENBERG et al., 2014).

No inicio da atividade, utilizou-se de instrumentos lúdicos para a interação e recepção de todos os presentes, foi notório que isso favoreceu um maior contato entre os acadêmicos e as mulheres reeducadas, o que permitiu uma melhor execução das atividades posteriores. Assim, elas se sentiram confortáveis para questionamentos e participação ativa no processo de ensino-aprendizagem. 

Segundo Cyrino et al. (2016), as atividades lúdicas permitem uma inter-relação pessoal, entre os indivíduos envolvidos nas ações, evidenciando estágios de bem-estar físico e mental e possibilitando uma compreensão efetiva e descontraída da temática discutida, isso resulta na melhoria da qualidade de vida e a autonomia no cuidado. 

O mutirão possibilitou uma visão mais ampliada sobre a realidade do sistema carcerário local para os acadêmicos, permitindo a ruptura de um estigma social existente. Além disso, a relação de afetividade e interesse, entre os acadêmicos e as mulheres privadas de liberdade, desde o inicio da ação, fizeram com que as mesmas se sentissem protagonistas da ação, auxiliando no desenvolvimento da ação. 

CONCLUSÃO
Em suma, as ações desenvolvidas lograram êxito e evidenciaram uma amplitude de questionamentos relacionados ao tabagismo que puderam ser sanados por meio da intervenção realizada. Logo, as ações educativas são ferramentas essenciais para esse processo de edificação do conhecimento, onde o público torna-se sujeito ativo e construtor do saber.

A qualidade de vida da população em questão, devido à infra-instrutura local e ao déficit nas políticas públicas de saúde, torna-se comprometida. Existe uma necessidade urgente de projetos sociais, ações governamentais e um olhar mais acurado da responsabilidade da população na ressocialização dessas pessoas que vivem em situação prisional. 

Descritores: Educação em saúde. Presídio. Tabagismo. 

REFERÊNCIAS
TEODORO, W. R. Manejo do Tabagismo na atenção básica. 27f. 2012. Trabalho de Conclusão do Curso de Especialização em atenção básica. Universidade Federal de Minas Gerais.  Uberaba, Minas Gerais. 2012.
NUNES, S.O. V.; CASTRO, M. R. P. Tabagismo: Abordagem, prevenção e tratamento. EDUEL, p.224, Londrina, 2011.
ALCANTARA, L. M. et al. Ações para controle da tuberculose no sistema penitenciário masculino. Revista de enfermagem da UFPE, v.8, n.11, p.3823-3832, Recife, nov., 2014.
DAMAS, F. B.; OLIVEIRA, W. F. A saúde mental nas prisões de Santa Catarina, Brasil. Cadernos Brasileiros de Saúde Mental, v.5, n.12, p.1-24, Florianópolis, 2013.
FALKENBERG, M. B. et al. Educação em saúde e educação na saúde: conceitos e implicações para a saúde coletiva. Ciênc. saúde coletiva, v.19, n.3, p.847-852. 2014.
CYRINO, R. S. et al. Atividades lúdicas como estratégia de educação em saúde com idosos. Rev. Ciênc. Ext. v.12, n.3, p.154-163, 2016.